Terça, 19 de Agosto de 2025
O ministro do Turismo, Celso Sabino, classificou como um equívoco a restrição inicial à venda de alimentos tradicionais da culinária paraense na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), agendada para novembro em Belém.
“Houve um equívoco, já reconhecido por quem cometeu esse erro. O edital de seleção de quem iria fornecer os alimentos para a COP, nos espaços especiais, proibia a entrada dos principais ingredientes da nossa gastronomia. Veja só: açaí, tucupi e maniçoba”, disse Sabino durante entrevista no programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“Sob um argumento que nós rebatemos prontamente e jamais vamos aceitar. Como a gente está se revoltando quando as pessoas querem, de uma forma ignorante, vamos dizer assim, porque não conhecem, desprestigiar ou falar mal na Região Norte do país, do Pará, da cidade de Belém”, completou o ministro.
Para Sabino, impedir a presença desses produtos na COP30 seria como “convidar as pessoas para uma churrascaria e, chegando na hora, dizer que não vai servir churrasco”. Ele também comparou a situação com a COP de Dubai, onde pratos típicos foram servidos sem restrições.
“A gente tem passado os últimos dias tendo que falar muito sobre hospedagem, sobre qualidade de hospedagem, sobre preços de hospedagem abusivos e, agora, sobre a nossa gastronomia. Por detrás de tudo isso existe sim uma vontade de muitas pessoas de que essa COP não ocorresse em Belém.”
O ministro expressou preocupação com o preconceito interno contra a Região Norte, afirmando que a culinária de Belém é reconhecida mundialmente como uma das mais deliciosas.
A polêmica surgiu quando a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) publicou um edital listando alimentos e bebidas com alto risco de contaminação, proibindo o açaí, tucupi, sucos de fruta in natura e a maniçoba nos espaços da COP30.
Após a repercussão negativa, a organização modificou o edital, permitindo que alimentos locais sejam servidos no evento. A mudança ocorreu após atuação do governo federal, através do ministro Celso Sabino. A OEI informou que, após análise técnica, foi publicada uma errata para incorporar a culinária paraense.
A nota da OEI ressalta que o edital busca valorizar empreendimentos coletivos e grupos historicamente ligados à produção de alimentos sustentáveis, como povos indígenas, comunidades quilombolas e mulheres rurais.
O edital estabelece que ao menos 30% do valor total dos insumos adquiridos sejam provenientes da agricultura familiar.